Não sou propriamente uma pessoa apreciadora de resorts. Não acho grande piada a viajar agarrada a uma miopia que não permite conhecer mais de um local do que as quatro paredes de um hotel, ainda que estas possam ser magníficas. Nem tão pouco sou fiel adepta de gastar horas de avião para aterrar numa praia sem que esta me ofereça um pouco mais do que águas quentes e buffets de encher a barriga. Mas, a necessidade imperiosa por uma pausa, em que o dolce fare niente se fizesse sentir a todo o momento, levou-nos a querer um destino onde o sol e a praia nos acompanhassem enquanto dávamos ordem de soltura a toda a nossa inércia. A decisão recaiu num destino nacional, ainda que afastado por alguma imensidão oceânica; numa ilha pequena, ainda que repleta de pequenos tesouros capazes de seduzir mesmo os mais distraídos; num resort fechado ainda que suficientemente encantador para não sentir os efeitos da clausura. Refiro-me ao Porto Santo, a ilha vizinha da “pérola do Atlântico” que, podendo não ser pérola, é, com certeza, tão preciosa quanto a sua parceira de arquipélago. Rendi-me, portanto, aos efeitos benéficos de uma forma de férias que se afasta do meu habitual mas que provou ser capaz de deleitar os meus sentidos.
Porto Santo é uma pequena ilha com cerca de 11 km de comprimento e 6 km de largura encontrando-se a cerca de 90 minutos de avião de Lisboa e a 10 minutos do Funchal. É conhecido como sendo a ilha a dourada devendo essa cor à fina areia que cobre os seus 9 km de praia. A areia, de tonalidade amarelada, torna-se verdadeiramente dourada quando a posição solar assim o ajuda, revelando ao entardecer um verdadeiro ouro sobre o azul das suas águas. O mar é outro grande atractivo da ilha, límpido, de um azul que vicia e inebria, com uma temperatura aprazível que permite imergir sem arrepios e nadar até que o corpo o permita embalado pelas ondas fieis companheiras daquela água salgada.
Apesar das praias serem as grandes mobilizadoras do turismo na região, ainda é possível encontrá-las quase desertas uma vez que o turismo se mantém pouco explorado apesar do número de hóteis ter aumentado significativamente nos últimos anos. A ilha oferece ainda outras possibilidades de distracção tais como golfe, hipismo, passeios de bicicleta, caminhadas e desportos aquáticos. Tudo isto num clima ameno e com pouca amplitude térmica ainda que algo ventoso na praia mas nada que um pára-vento não resolva para que tudo volte a ficar perfeito.
Nós optámos pelas caminhadas, habituados que estamos a fazer da marcha o meio privilegiado de conhecer locais. Visitámos a Vila Baleira que alberga o centro da ilha onde se encontram as lojas de comércio, os principais serviços e a Câmara Municipal. Um pequeno local, bem arranjado, pitoresco e engalanado para receber a Festa de S. João ou não fossem os santos populares uma marca festiva de todo o território nacional.
Numa das extremidades da ilha explorámos a ponta da Calheta, que marca o fim da ilha e o encontro com o mar que abraça a costa rochosa.
Para além das passadas no asfalto, deixámos quilómetros de pegadas na areia feitas com uma sensação de tranquilidade que só o som do mar oferece.
Tendo iniciado este texto referindo algum desinteresse por resorts, não posso deixar de dizer o quanto fiquei agradavelmente surpreendida com o hotel Pestana Porto Santo pela simpatia de todos os colaboradores, pelo irrepreensível serviço e excelentes infra-estruturas e por nunca ter me ter dado a conhecer monotonia.
Recomendo este hotel mas acima de tudo recomendo Porto Santo para que possam comprovar que a expressão “ilha dourada” não tem nada de hipérbole.
Recomendo este hotel mas acima de tudo recomendo Porto Santo para que possam comprovar que a expressão “ilha dourada” não tem nada de hipérbole.