11.3.10

Eu e ela

Olho para ela e vejo com nitidez como podem duas pessoas abraçar tanto a distinção. Ouço o que ela diz e liberto a dúvida interior se a admiro ou se a considero de uma singularidade penetrante face aos meus padrões frágeis de gestão das emoções.

Ela está desgastada e eu sofro essa erosão com ela. Eu desequilibro-me, mas ela mantém-se erguida, orientada na direcção certa enquanto eu corro para a inversa.

O que é que faz a resiliência existir em doses tão mal distribuídas? Tudo isto me confunde. Há quem arrume assuntos. Há quem como eu desarrume gavetas internas e ainda acumule o que sobra dos outros.

Olho para ela, ouço-a, compreendo-a, dou-lhe razão, mas emocionalmente estou tão longe dela, da sua coragem, da sua capacidade de luta, da sua sensatez.

Não há certos nem errados em questão de emoções, há pessoas com recursos internos capazes de gerir melhor ou pior as emoções mas a proximidade entre as pessoas poderia emparelhar as suas boas qualidades e afastar os defeitos.

Ou talvez não, talvez eu seja a normal num mundo em que o normal já quase não se parametriza. Talvez seja eu com a minha história de vida, e ela com a dela que nos diferencia a visão da realidade.

1 comentário:

  1. Para que saibas, o teu "Eu" podia ser Eu de facto, enquanto o teu "ela" podias ser TU ... se este post tivesse sido por mim escrito.

    A questão não é a fragilidade, ou as lutas internas e constantes, mas a forma como se lida com elas e essencialmente do que, apesar delas, empreendemos e atingimos.

    Por isso te admiro

    Beijo

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