28.2.10
A cumplicidade teve um dia
Hoje comemora-se a cumplicidade, o seu início e a sua promulgação como sentimento que não se esquece, mas que se sente em toda uma vida, que se percepciona com todos os sentidos e que é tão discreto que adormece ao colo. Hoje celebra-se a cumplicidade que une e que convida a juntarem-se a ela todos os outros sentimentos que a sustentam.
A cumplicidade teve um dia, e não foi de chuva como hoje, nem de cinzentismo, nem de vento, nem de inverno. Foi um dia feliz, e os dias felizes são grandes, solarengos, claros, cheios de raios de luz e de primavera na barriga.
Hoje a cumplicidade faz anos e não está velha, está nova, bonita, ciosa por não necessitar de ser lembrada para nunca ser esquecida.
27.2.10
Mudar
E o grito saiu assim
26.2.10
Horas
21.2.10
Massive Attack (escrito a 11.02.10)
E para acabar com o périplo de Londres, termino com a descrição do concerto a que assisti no Hammersmith Apollo. Ambos gostamos dos Massive, ambos não os conseguimos ver em Lisboa quando em Novembro pisaram o Coliseu do Recreio, por isso ambos fomos fomos ouvi-los no seu país natal num dia gelado (-2ºC) mas onde se viviam emoções quentes.
Eram 21h27m quando entraram em palco num recinto cheio. Aguardavam-nos cerca de 5000 pessoas, a lotação máxima do recinto, havendo somente espaço para a adrenalina de quem aguarda boa música.
Eramm 23h15m quando terminaram de tocar um reportório de músicas capaz de satisfazer nostálgicos e curiosos já que embalaram a sala sons mais antigos, como "tear drop" ou mesmo um "karmacoma" cantado após encore e como remate final de um espectáculo que custou abandonar. Mas também houve lugar a música "fresh", acabadinha de sair da editora 3 dias antes , um albúm novo e aguardado pelos milhares de fãs da banda e que levou ao palco Damon Albarn, pela sua especial participação no recente disco.
Houve bons argumentos para ninguém ter saído desiludido, bom espectáculo visual, às vezes monopolizador de toda a atenção devido ao seu tamanho impacto, boas vozes, bons músicos e sem poder deixar de referir o lado filantropo do concerto que, com fins de beneficiência não deixou esquecer o povo palestiniano, as desigualdades mundiais e as diferenças sociais, expostas em muitos watts de luz.
Para mim o único senão, o pequeno grão de areia no sapato é que o meu percentil de altura é demasiado pequeno para ver em pé , em condições, um espectáculo rodeada de ingleses. Mas nada que um português não desenrasque, afinal de contas a música é acima de tudo para ser ouvida.
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Londres (escrito a 11.02.10)
18.2.10
Avião (escrito a 11.02.10)
O que me custa não é o debitar das palavras, já me habituei a escrever sobre demasiados contextos, de modo que o conteúdo é já pouco assustador e propiciador de me pôr uma "pilha de nervos". O que me custa muito, ai se me custa, (e só de pensar o acto de custar já custa mais um pouco) é todo este ambiente hostil que me rodeia. Tenho perfeita noção que o adjectivo hostil é uma hiperbolização oriunda de uma experiência pessoal e subjectiva e não deriva de todo de algo factual. Mas a verdade é só esta, tenho muito medo de andar de avião. Medo irracional entenda-se, daquele imune aos argumentos mais convicentes que me possam dar, daquele que se transforma em pavor à menor visualização de um esgar mais sério vindo de uma qualquer comissária de bordo, ou à mais leve turbulência mais digna de se apelar de "abanãozinho"
Por isso resolvi insistir com o meu cérebro apavorado e fazer deste exercício uma espécie de catarse, onde tento escrever sem filtros de consciência, simplesmente escrevendo tudo aquilo que me aterra na mente (até as palavras são coerentes ao momento), para ver até onde consigo ir debaixo do peso desta ansiedade.
Tentando (ainda que neste momento somente tremulamente) fazer uma análise à origem deste medo, acho que pode provavelmente derivar do facto de odiar tudo o que fuja ao meu controlo, o que ao ser paradoxal poderia por si só resolver a questão desde logo, ou seja se não controlo o melhor será mesmo me descontrair e deixar-me levar pela conhecimento dos outros. No entanto, se isto funciona com os outros comigo nem por isso daí as horas que passo fechada num sítio como este são verdadeiramente difíceis de descrever porque o medo emudece qualquer apreciação que possa fazer de uma paisagem aérea, da placidez de um bando de nuvens, da hegemonia de um céu azul.
Não consigo, a adrenalina não deixe que entre poesia nas minhas veias, como se houvesse apenas lugar para uma delas na minha circulação. Somente sinto vibrações, percepciono sobressaltos, agitações, asas que tremem, apitos que tocam com insistência, gente que se mexe apertada, e o meu coração que fala comigo como nunca fala em outras circunstâncias, com pancadas fortes, eloquentes, assertivas.
Só desejo ouvir a voz que me chega por altifalante a anunciar a descida, sentir novamente a pressão na barriga a indicar a diminuição de altitude, esforçar-me por olhar timidamente pela janela (mini) para poder apreciar a paisagem (o que nem sempre funciona se existir demasiada água e eu não vislumbrar quaquer pista de aterragem), ouvir aquele barulho horrível mas desejável do trem de aterragem, e sentir a pressão das rodas no chão ao mesmo tempo que o meu coração descansa um pouco da sua frequência absurda de batidas.
Bom, isto é o que sinto, mas a outra verdade é que também adoro viajar e entre a luta de um coração piegas e a de uma mente curiosa pelo mundo lá fora, esta última tem conseguido ganhar. Talvez por isso já tenho algumas horas de avião no meu currículo, tantas como de benzodiazepinas no estomâgo e espero sinceramente aumentar estas horas, ainda que todo o ciclo se repita.
15.2.10
Blackberry, Blackcurrant, em português simplesmente amora
Passa-se com amora, palavra doce, aromática, tão inconscientemente perto, que quase toca a palavra amor, tão gustativa, a minha cor favorita. Um campo de amoras ou um blackberry field.
Abandono a amora aromatizada mas mantenho a amora e globalizo-a para berry, a minha new berry, outra parte de mim, avulsa, às vezes com pouco sentido para terceiros, nem sempre doce, às vezes amarga, mas sempre colorida de amora e always com blackberry thoughts.
Bem vindos à minha nova baga que sendo amora portuguesa abandona o "black" para que em estrangeiro seja a cor que se quiser.