28.1.11

Retrato de uma consumista

Hoje, à hora de almoço, fui visitar o IKEA. Levava como objectivo comprar uns vasos que albergassem as minhas recém-chegadas plantas. Ao mesmo tempo, iria aproveitar para deixar os meus olhos passearam pelas novidades ou por aqueles produtos que, não sendo novos, são tão giros que merecem ser vistos e revistos até à exaustão. Como ingénua que, ainda, sou, fui de mãos a abanar significando isto que não levava comigo qualquer utensílio com o propósito de carregar os meus objectos de desejo. Bastar-me-iam os meus dez dedos para transportar as (poucas) coisas que, com certeza, iria trazer. Afinal de contas, os vasos que pretendia comprar até eram leves e eu, mulher determinada, iria facilmente resistir ao piscar de olhos das novidades.

Ora, qualquer consumista e apreciador de decoração para o lar sabe que o IKEA é irresistível. Há um não-sei-bem-o-quê na sua atmosfera que magnetiza a vontade, tiranizando-a e mantendo-a refém da capacidade de sedução dos objectos expostos. Nunca vi garfos, copos e panelas serem tão eloquentes como naquele espaço. Parece que me falam e que lutam entre si por se tornarem íntimos da minha atenção. Se me concentrar quase que lhes reconheço a voz no seu segredar ao meu ouvido.

Num rompante, esta capacidade de persuasão conduziu a que as minhas duas mãos se mostrassem insuficientes para carregar todas as coisas que já levava comigo (e que de repente me pareciam da maior urgência doméstica) levando-me a recorrer ao, sobejamente conhecido, saco amarelo. Este, assentou no meu ombro na sua forma folgada mas, com o deambular pelos corredores, foi perdendo o ar do seu conteúdo para se encher com os mais variados objectos tendo duplamente atingido, no momento em que me dirigi à caixa de pagamento, o estado de balofo e a categoria de peso pesado magoando o meu ombro que, de pele rosada, passou a vermelha.
Agora nem tão cedo lá regresso. Tenho o ombro a latejar, a carteira a reclamar e os armários tão cheios que, se falassem, pedir-me-iam misericórdia.

1 comentário:

  1. Como te entendo minha amiga :). O IKEA é de facto uma tentação, por isso nem me autorizo, por agora, a visitá-lo, mas, confesso, ainda hoje pensei e falei nele :))

    Beijos

    ** que bom ver-te de volta!

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